
A Igreja Católica sempre ensinou a importância do jejum, da penitência e da mortificação como meios de purificação da alma e aproximação de Deus. Mas você sabe a diferença entre essas práticas? Muitas vezes, os fiéis usam esses termos como se fossem sinônimos, mas, na verdade, cada um tem um significado específico dentro da espiritualidade cristã. Neste artigo, vamos esclarecer essas diferenças e mostrar como aplicá-las no dia a dia da fé.
1. O que é o jejum?
O jejum é uma prática que consiste em reduzir ou se abster de alimentos por um período determinado. No contexto cristão, o jejum não é apenas uma dieta ou uma forma de autocontrole, mas uma maneira de nos voltarmos para Deus com humildade e entrega.
A Igreja nos ensina que o jejum faz parte da vida penitencial do cristão, ajudando no crescimento espiritual e na busca pela santidade. O Catecismo da Igreja Católica nos lembra:
“Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico (Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja; esses tempos são particularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, o compartilhamento fraterno (obras de caridade e missionárias).” (CIC, §1438)
Essa citação reforça a importância do jejum como um ato não apenas individual, mas também comunitário, em que toda a Igreja se une em um espírito de conversão e penitência.
Tipos de jejum na Igreja Católica:
- Jejum eucarístico: abster-se de alimentos e bebidas (exceto água e remédios) por pelo menos uma hora antes de comungar.
- Jejum penitencial: praticado em dias específicos, como na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, quando os católicos devem fazer apenas uma refeição principal e duas menores que juntas não equivalem a uma refeição completa.
- Jejum voluntário: quando o fiel decide jejuar espontaneamente como uma oferta a Deus, buscando graças espirituais ou intercedendo por alguém.
O jejum é um ato de sacrifício que nos ajuda a fortalecer a vontade, a desapegar-nos dos prazeres terrenos e a buscar uma vida mais centrada em Deus.
2. O que é a penitência?
A penitência é um ato de arrependimento pelos pecados cometidos e pode se manifestar de diversas formas. Ela é uma resposta ao chamado de Cristo para a conversão e pode ser realizada de três maneiras principais:
- Penitência interior: envolve a conversão do coração, o arrependimento sincero e a decisão de mudar de vida.
- Penitência sacramental: refere-se ao Sacramento da Confissão, onde o fiel recebe o perdão dos pecados e realiza a penitência determinada pelo sacerdote.
- Obras de penitência: incluem atos como jejuns, orações, esmolas e outras práticas que demonstram arrependimento e desejo de reparação.
O Papa Francisco nos recorda que a penitência vai além de um simples sacrifício externo:
“A penitência é o esforço diário de converter-se, de lutar contra o mal, de vencer o egoísmo e a preguiça, de não se deixar dominar pela mentalidade do mundo, de não se deixar levar pelas ilusões do mundo.” (Papa Francisco, Audiência Geral, 14 de fevereiro de 2018)
Assim, a penitência não é apenas um ritual, mas um compromisso constante com a conversão e a busca pela santidade.
3. O que é a mortificação?
A mortificação é um ato de renúncia ou sacrifício voluntário para subjugar as paixões e fortalecer o espírito. O próprio Cristo nos convida a essa prática quando diz:
“Aquele que quiser seguir-me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (Mateus 16,24)
Além disso, São Paulo nos exorta a mortificar nossos desejos desordenados para vivermos de acordo com a vontade de Deus:
“Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, a paixão, o mau desejo e a avareza, que é idolatria.” (Colossenses 3,5)
A mortificação nos ajuda a dominar nossas inclinações e a buscar uma vida mais santa, oferecendo pequenas renúncias como forma de amor a Deus.
Exemplos de mortificação:
- Deixar de comer algo que gostamos.
- Dormir um pouco menos ou acordar mais cedo para rezar.
- Ficar em silêncio quando sentimos vontade de reclamar.
- Oferecer pequenos incômodos do dia a dia a Deus.
A mortificação é uma forma de treinarmos nossa vontade para dizer “não” ao pecado e “sim” a Deus. Ela nos ajuda a crescer em virtudes e a viver com mais amor e generosidade.
4. Como viver essas práticas no dia a dia?
A Igreja nos convida, antes de tudo, a unir o jejum, a penitência e a mortificação à oração e à caridade, uma vez que essas práticas não devem ser encaradas apenas como simples sacrifícios vazios. Pelo contrário, elas devem ser vividas com um propósito maior, tornando-se um caminho eficaz para a santificação. Diante disso, apresentamos algumas maneiras de aplicá-las no dia a dia:
- Ofereça seu jejum por uma intenção especial.
- Aproveite a penitência para buscar uma verdadeira mudança de vida.
- Pratique pequenas mortificações no dia a dia para fortalecer sua vontade e se aproximar de Deus.
Conclusão
O jejum, a penitência e a mortificação são, sem dúvida, meios poderosos de santificação. Além disso, quando bem praticados, eles não apenas fortalecem nossa vida espiritual, mas também nos ajudam a crescer na fé, aprofundar nosso amor a Deus e desenvolver um maior desapego das coisas mundanas. Portanto, que possamos abraçar essas práticas com sabedoria, discernindo sempre sua verdadeira finalidade, e vivê-las em plena união com a vontade do Senhor!
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